Apresentaçäo
do livro " Homilética
e comunicaçäo"Nova Igreja na Amazonia
APRESENTAÇÃO
Um
belo dia estava de passagem por uma cidade do sul do país
e quis entrar na igreja matriz. Queria além de conhecer,
também rezar um pouco. Escolhi o último banco. Me
ajoelhei e depois de um certo tempo quis me sentar. Para
dizer a verdade tinha bastante gente naquela ocasião,
era o 40. domingo de Quaresma e as leituras eram do
ciclo A. Depois de uns minutos eis o celebrante,
aparentando 40 a 50 anos, sai da sacristia e começa a
Santa Missa. Um público heterogêneo acompanhava
fervoroso o ato litúrgico. Participando desta Santa
Missa me chamou atenção a homilia. Eu senti como este
sacerdote conseguia a fornecer símbolos do
Transcendente usando uma linguagem tão acessível e que
permitia ao público a se concentrar e criar um clima
que te ajudava a pensar em Deus. Observava de tanto em
tanto as pessoas que estavam ao meu lado e via o jeito
que seguiam o pregador: de boca aberta. Certamente o
sacerdote conseguia ajudar as pessoas a reconhecer como
Deus age na vida deles através da ação do Espirito
Santo. E isto era muito importante enquanto reconhecia
que eles, como batizados, receberam o dom do Espirito
Santo e portanto era atuante. Certamente o silêncio
absoluto daquela igreja, naquele momento, era a confirmação
que o povo estava entendendo perfeitamente o padre. Eu
vi que aquele pregador como uma ícone que revela a
presença interior de Jesus e de Deus em Jesus.
Cada
gesto, cada atitude do corpo, os olhos....todos os
aspectos visíveis dele foram como uma ícone que revela:
uma harmonia interior: uma paz consigo mesmo, com outras
pessoas e com Jesus em Deus; aquilo que somos
interiormente. Uma linguagem assim familiar certamente
formava a comunidade cristã. Acredito que este
sacerdote respondeu aos desafios que a própria homilia
comporta:
-
COMUNICAR:
aquilo que Jesus quis dizer (Reconhecer no Evangelho
os valores centrais que foram apresentados nas
leituras...)
-
RESPONDER:
as perguntas, pesquisas, inquietações e ansiedades
da comunidade cristã naquele momento; portanto tem
que conhecer a comunidade.
-
ENCARNAR:
os valores em um símbolo concreto, conto, narração
alimentado o imaginário.
-
UNIR
: a comunidade com a oração de Jesus no sacrifício
ao Pai: incentivo ao amar.
Por
isso a Homilia é parte integral da vida toda.... e
aquele padre como vive, assim prega. Senti o jeito deste
celebrante que a homilia fazia parte integral da vida
dele, era o espelho da vida dele.
Foi
proclamado o evangelho da ressurreição do Lázaro da
morte. Abriu a homilia com uma breve referencia a Marta
e Maria. Depois descreve com os mínimos detalhes possíveis
os sentimentos mais íntimos das pessoas em luto no
contexto deste trecho do Evangelho. Aquele sentido de
culpa de perda "para sempre", as emoções
oprimentes, talvez um certo sentido de culpa porque não
se fez bastante para aquela pessoa que agora está
morta.
Logo
em seguida ligou esta experiência das pessoas no
Evangelho com as experiências das pessoas naquela
paroquia. Ele mostrou reais experiências de pessoas que,
na paroquia, já experimentaram o que significa a morte
de pessoas queridas. Assim o povo pude se reconhecer
naquelas experiências e começar a entende-los nos
sentimentos mais íntimos. Ele não usou explicações
de tipo hermenêutica, e nem fez uma teologia da morte
ou outras explicações teológicas abstratas sobre tal
argumento. Na explanação usou uma linguagem que a
gente normalmente usa para expressar a própria dor. O
sacerdote deixou que as imagens e as emoções da metáfora,
logicamente ligada com a descrição feita, entrassem na
vida do povo. A lógica do Evangelho expressa-se na lógica
da cultura local, é nas imagens e nas emoções.
Ele
conquistou o intelecto das pessoas presentes através
dos sentimentos. Com uma linguagem muito imaginativa
descreveu estas experiências de luto e como se pode
fazer uma experiência espiritual no sentido de se
chegar mais a Deus. E nesta altura o celebrante contou
um fato de uma pessoa que teve compaixão de outras
pessoas que se encontravam na dor. Este conto apresentou
um símbolo que responde à busca das pessoas e que
ajudam a "encarnar" a fé nelas. Este conto,
reconheço, foi muito tocante e deu espaço à imaginação.
Apresentou um modelo para "histórias de vida"
daquelas pessoas. Assim ele explicou como uma certa
pessoa foi capaz de expressar a própria compaixão para
a dor de uma outra, como esta experiência tenha
conseguido a questionar a própria pessoa reorganizando
os próprios valores, e como tenha alimentado elementos
de esperança, de amor e do sentido da vitoria sobre a
morte. Depois do fato voltou a Jesus descrevendo a Sua
íntima experiência recolhida naquela simples frase :
"Ele chorou". A este ponto levou as pessoas
presentes a unir as próprias experiências com aquela
de Jesus de forma que elas podem profundamente se
identificar com Ele como modelo e símbolo, como fonte
de força e coragem, como homem capaz de compaixão.
Uma
coisa interessante que fez o pregador foi ligar a
homilia ao sacrifício da santa missa em união a Jesus.
Este sacrifício de Jesus foi para render glória ao Pai
e assim uniu as orações dos fieis com aquela de Jesus
para o Pai.
Saiba
mais entrando em contato por e-mail com Padre Cláudio
Pighin.
Até
logo.
|