CONGRESSO
MISSIOLOGICO INTERNACIONAL
O
desafio que abre o terceiro milênio: como comunicar com
ardor e firmeza o evangelho de Jesus Cristo em um mundo
pluralista e globalizado?
"E
vós quem dizeis que eu sou"(Mt. 16,15), respostas
missiológicas e missionárias no contexto das religiões
e das culturas foi o tema do congresso missiológico que
aconteceu na conclusão do ano jubilar o qual levou a um
longo caminho de preparação e reflexão sobre a
encarnação do Verbo. O Congresso teve lugar na Pontifícia
Universidade Urbaniana ( PUU), única universidade
Pontifícia missionária no mundo, de 17 a 20 de outubro
em Roma. A participação contou com 1700 pessoas entre
estudiosos de missão, estudantes universitários,
autoridades eclesiásticas e missionários vindos do
mundo todo. Participaram, também, especialistas de
outras religiões.
A
Singularidade e Universalidade de Jesus Cristo para a
salvação dos seres humanos são atualmente objeto de
novos estudos e debates, sobretudo perante à
pluralidade das religiões e das culturas, à nova
teologia das religiões, à necessidade da inculturação
da fé, às situações de injustiças e pobreza de uma
grande parte do mundo. O resultado é o surgimento nos vários
continentes de novas Cristologias, as quais tem um
impacto direto sobre a missão cristã. O Congresso,
portanto, se propôs a estudar o papel salvífico de
Jesus Cristo à luz dos contextos sócio-culturais dos vários
continentes. Assim se pronunciou o cardeal Jozef Tomko,
Prefeito da Congregação para a Evangelização dos
Povos, na abertura do congresso: "É fascinante e
atualíssimo em relação ao jubileu o tema do congresso
como, também no âmbito da situação missionária
concreta e missiológica. Nos leva ao vivo das discussões
não só abstratas e puramente doutrinais, mas também
existenciais". A relação do bispo Valter Kasper
nos mostrou a situaçao cultural atual estimulada por
conceitos filosóficos iluminísticos ressaltando assim
a questão do fenômeno. Portanto, a situação atual é
sustentada por uma forte experiência subjetiva,
mostrando que aquilo que prevalece é a experiência
pessoal em relação ao fenômeno com quem se
identifica. Com esta lógica, pode-se também entender
que se podem fazer várias experiências de identificação
do próprio Jesus. É o Jesus que eu descubro que se
torna mais importante. E assim, teremos tantos Jesus, um
diferente do outro conforme as experiências que cada
ser humano faz. E assim surgem conseqüentemente tais
questionamentos: qual é o verdadeiro Jesus? Quem é que
tem razão perante a esse fenômeno pluralístico de
interpretações?
Graças
a Jesus, "Caminho, Verdade e Vida", a missão
da Igreja é Universal (Mt 28, 19). A Igreja é o
instrumento universal da salvação. Mas a verdadeira
salvação é o Cristo em si. Antes do Concílio
Vaticano II se afirmava, que "fora da Igreja não há
salvação", depois do Concílio se diz também que
fora da Igreja há salvação porque é o Espírito
Santo que está presente dentro e fora da Igreja. Com a
pluralidade das religiões não podemos deixar de dizer
a verdade como é, ou seja, que Jesus mesmo escolheu e
instituiu a Igreja, para ser o instrumento universal
para a salvação. Mesmo se existem tantas religiões.
Temos um só Deus que é pai de todos.
No
mundo atual, onde falta paz, como podemos levar a paz na
pluralidade religiosa? Podemos fazer isto por meios das
relações ou seja: a caridade na realidade concreta das
situações humanas. Nós católicos não podemos dizer
que somos donos da verdade porque o Espírito Santo está
presente também nas outras religiões, e aquilo que o
Espírito faz fora da Igreja é conhecido somente pelo
próprio Deus. No nosso relacionamento com outras religiões
devemos instaurar um relacionamento entre a verdade e o
amor, entre a liberdade e a justiça. O ilustre assessor
procurou mostrar a pluralidade religiosa, colocando uma
forte atenção na unicidade de Jesus Cristo e a
universalidade de sua Igreja.
O
segundo assessor, Claude Gefre, colocou perante as divisões
dos povos: Jesus veio e rompeu com essas divisões, com
a encarnação do Verbo nas várias culturas. Segundo o
biblista Giancarlo Biguzzi, as linhas de fundo pelas
quais os movimentos cristãos se propõem como superação
do particularismo judaico são, a fé em Deus como Deus
da criação, mas que da eleição, e a pessoa de Jesus
com toda a sua unicidade e centralidade. Na convicção
do Novo Testamento o absoluto e a unicidade de Jesus não
conhecem limites nem de espaço, nem de tempo, ou de
eternidade, porque a sua obra não só vai além dos
confins dessa criação, mas dá começo aquela nova e
escatológica, e a ela inteiramente finalizada. Os âmbitos
nos quais o Novo Testamento coloca as possibilidades e
os deveres das religiões perante o Cristo são o apelo
ético que ressoa nas consciências em vista de uma vida
conduzida segunda justiça, e a leitura do Cosmo, como
obra de Deus, em vista da adoração e glorificação do
criador. O professor Marcelo Bordoni, apresentou a
tarefa atual imprescindível da fé e da missão cristã
que é cada vez mais de sublinhar de maneira "direta"
e "formal" a inculturação, e acrescentou
também a necessidade da "contextualização".
Depois de ter superado, como já aconteceu na Evangelii
Nuntiandi, a idéia da missão de evangelização
segundo o modelo de simples "adaptação" (AG
22) para o da "inculturação", nós tomamos
consciência cada vez mais que a cultura, no sentido
puramente antropológico, representa ainda uma base de
mais restringida, apertada para o anúncio do Evangelho.
A reflexão desenvolvida no âmbito das cristologias
inculturadas marcou a urgência de ampliar a idéia de
"inculturaçao" na "contextualização",
com a referência concreta ao contexto histórico das
mesmas culturas, nas quais se operam transformações.
Assim, nas várias formas de inculturação cristológica
na Ásia, se determina uma expressão "contextualizada"
daquelas próprios das cristologias européias: "o
objetivo de todas as tentativas de elaboração cristológica
na Ásia não é tanto a clareza doutrinal e a perfeita
ortodoxia, embora estas sejam essenciais, quanto a aderência
da vida ao modelo supremo, isto é, que os cristãos se
tornem conforme a imagem do Filho Dele". Na
contextualização dos paises latino-americanos, no
entanto, a exigência de uma aproximação experiencial
evidenciada na imagem de Jesus pobre que encarna a luta
para a libertação da pobreza na opção preferencial
pelos pobres entendida com uma marcação de
parcialidade: isto quer dizer "Jesus se situa no
mundo da pobreza e dos pobres, defende a causa deles e
faz próprio o destino deles . Jesus é um homem
autentico sendo pobre; se faz homem universal a partir
daquilo que é pequeno. O Brasil se fez presente com uma
palestra do pe. Carlos Palácio abordando a questão da
teologia da libertação e como debatedor da mesma o
frei Sinivaldo Tavares.
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